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quinta-feira, 27 de agosto de 2020

O PROFETA AMÓS E O CONTEXTO HISTÓRICO DE ISRAEL

Amós (heb. ´´carga ou carregador´´)  era natural de Judá (reino do norte) e foi chamado por Deus para profetizar principalmente contra Israel (reino do norte), especificamente no ponto de ´´culto alternativo´´ em Betel. Seu ministério  foi nos dias de Uzias, rei de Judá, e nos dias de Jeroboão II, filho de Joás, rei de Israel (Am 1:1). O profeta contemporâneo a ele foi Jonas (primeira metade do reinado de Jeroboão), também destinado à Israel. Em Judá nesse período não houve ministério profético (vide o cronograma dos reis e profetas abaixo)

                                Fonte: https://pt.slideshare.net/

I- O PROFETA AMÓS

1- UM CULTIVADOR DE SICÔMOROS (FIGOS SILVESTRES)

O profeta descreve a si mesmo como ´´cultivador de sicômoros´´ (Am 7:14). O termo hebraico aqui para a frase inteira é boles , que na base Septuaginta ou grego clássico, provavelmente se refere a:

a. Cortar o fruto (Para garantir boas frutas, o agricultor precisava fazer um corte na ponta de cada figo);

b. Amassar o fruto (Após garantir a qualidade dos figos, o agricultor precisava malhar os frutos para que servissem de alimento em seus diversos preparos);

c. Torná-lo comestível (maduro; apto para consumo; cp. 8:2 e Ez 7:2)

De qualquer forma, Amós era especialista no cultivo de figos ou sicômoros, bem como um boiadeiro e comerciante bem sucedido. A importância é que Deus chamou um homem ocupado e próspero, que tinha motivos para rejeitar sua chamada devido as suas ocupações, porém, Deus o separou de seu trabalho e interesses seculares para realizar uma missão em Israel, o rebanho de ´´bois´´, errante e pecaminoso.

2- UM BOIEIRO (PASTOR DE BOIS)

Ele estava entre os pastores de Tecoa, uma pequena vila a 10 km do sul de Belém, possivelmente uma região desértica (2Cr 20:20). Deus chamou Amós para lidar com um povo com comportamento similar ao dos bois, onde os planos do Senhor revelados no trabalho do profeta era: tratar Israel assim como um agricultor tratava dos figos verdes, para amadurecerem e se tornarem aptos aos teus preceitos. Quanto ao comportamento/tratamento dos bois:

a. Eram alinhados por uma canga (jugo, fardo), que mantinha os bois alinhados e bem distribuídos para não se desviarem do caminho ou colidir uns com os outros enquanto puxavam o arado;


    Ficheiro:Yoke (PSF).png – Wikipédia, a enciclopédia livre

                                       fonte: pt.wikipedia.org/ 


NA PRÁTICA: O que nos mantém alinhados, unidos, caminhando firmemente e crendo nas promessas de Deus é o amor do Criador (Cl 3:14,15).

 

b.  Eram confrontados com aguilhões; uma espécie de lança com cabo de madeira e lâmina de pedra; um instrumento longo com ponta aguda que ´´espetava´´ os bois quando desobedeciam ao pastor; ou ainda uma vara longa para o conduzir gado que tinha uma ponta de ferro bem aguçada, ou seja, termina com um bico fino. Não é nada legal para o gado ser espetado pelo aguilhão, mas é a maneira mais comum de conduzir um rebanho.       

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     fonte: https://maiello.blogspot.com/ 


NA PRÁTICA: Deus usa o aguilhão da palavra da verdade com Seu povo, para que não se desvie ou saía de Sua cobertura (Hb 4:12).


NOTA: O apóstolo Paulo foi comparado a um ´´boi teimoso´´ ao perseguir a igreja de Cristo – antes da sua conversão; que ao encontrá-lo afirmou: ´´dura coisa te é recalcitrar contra os aguilhões´´ (At 9:5). Este era um provérbio muito conhecido na época e ´´recalcitrar´´ significava ´´confrontar; resistir´´. Após a sua conversão, ele mesmo citou esse provérbio conhecido refazendo as palavras de Jesus a ele ao escrever: “Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua vitória? Ora, o aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei. “ (1Co 15:55,56).

 

Seu ministério foi breve e durou apenas alguns dias, devido a sua declaração de abertura, de acordo com sua comissão veio nos dias do rei Uzias, de Judá (790-739 a.C), e do rei Jeroboão, de Israel (793-753 a.C); especificamente ´´dois anos antes do terremoto´´ (Am 1:1). Tal catástrofe foi tão trágica que foi lembrada pelo profeta Zacarias cerca de 240 anos mais tarde (Zc 14:5), por volta de 760 a.C. Portanto, em 762 a.C seria a data precisa do ministério de Amós contra os santuários ilícitos de Jeroboão (Am 7:10-13).

NOTA: Quanto a história de Jeroboão I e sobre como fez pecar a Israel  - 1 Reis 11:26-14:20. 

II- JEROBOÃO FILHO DE JOÁS, REI DE ISRAEL

1.   A prosperidade de Jeroboão ao povo de Israel. Jeroboão II filho de Jeoás, foi o quarto rei da dinastia de Jeú. Seu longo reinado em Israel (41 anos) recebeu uma pequena atenção em 2Rs 14:23-29, porém, alvo de muitas profecias nos livros de Amós e Oséias (profeta posterior a Amós sobre o reino do norte). Ele liderou Israel em uma época de prosperidade sem precedentes. A Assíria enfraqueceu a Síria, que não representava mais uma ameaça para a Israel- Síria que anteriormente sitiou Judá e Jerusalém nos dias de Joás (835 a.C / 2Cr 24:23). Com a Síria enfraquecida, Jeroboão II teve liberdade para executar uma agressiva expansão do seu território. O profeta Jonas, contemporâneo a Amós, predisse que Jeroboão II restauraria as fronteiras dos dias de Salomão, e realmente ele alcançou este objetivo (2Rs 14:25). O Senhor usou-o para salvar Israel de anos de dificuldades e problemas (2Rs 14:27).

2.   A ascensão da desigualdade social em Israel. A prosperidade do reino de Jeroboão II, entretanto, levou a muitos males. Amós condenou a grande lacuna que havia entre os ricos e pobres (Am 2:6,7), bem como a idolatria em Israel – reino do norte, especialmente em Betel; denunciou rituais religiosos vazios (Am 5:21-24) e a falsa segurança – opulência (Am 6:1-14). Esses e outros pecados levaram o profeta a predizer a queda de Israel (Am 6:8-14).

3. A advertência divina: prosperidade pode ocasionar a corrupção. Jeroboão II e seu povo recusaram-se dar ouvidos às palavras de Amós (Am 7:10-17) e em 722 a.C. Samaria caiu diante do exército assírio, o mesmo que enfraqueceu a Síria possibilitando seu avanço territorial. O reinado de Jeroboão II é uma advertência sobre quão facilmente a prosperidade pode levar à corrupção. Ainda que o Senhor tenha abençoado seu povo de muitas formas, sua bênção tornou-se ocasião para a desobediência e destruição decorrente dela.

4. Betel: O alvo das profecias de Amós. O único local em suas mensagens é Betel (heb. casa de Deus), um dos principais lugares de adoração estabelecido por Jeroboão I, logo depois da divisão do reino em 931 a.C. (1Rs 12:29-33) – Vide o Suplemento bíblico deste Blog: ´´Divisão de Israel e Instalação da Idolatria´´. Esse ato ímpio de criar locais ilegítimos para adoração, a fim de competir com o único autorizado pelo Senhor (isto é, é Jerusalém, capital de Israel), resultou numa profecia de que o altar de Betel seria finalmente destruído e seus sacerdotes, mortos (1Rs 13:1-3).

Isso aconteceu como parte das reformas realizadas pelo rei Josias, 300 anos mais tarde (2Rs 23:15,16), e o próprio Amós ajudou a preparar o caminho para que o culto de Betel fosse denunciado (Am 3:14; 5:5). Foi sua responsiva mensagem que eclodiu sua expulsão de Betel, por Jeroboão II e seu sacerdote Amazias, sob acusações caluniosas que o profeta visava apenas o ganho financeiro (Am 7:12). Devido à má compreensão dos seus objetivos, Amós rebate que ´´não era profeta, nem filho de profeta´´ (7:14), mas um homem trabalhador que Deus  tinha chamado, desfazendo qualquer conexão entre ele e os profetas cursados, preparados: os ´´filhos dos profetas´´ (2Rs 2:3,5,7). 

REFERÊNCIAS

GARDNER; Paul. Quem é quem na Bíblia Sagrada. A história de todos os personagens da Bíblia. Tradução: Josué Ribeiro. São Paulo: Editora Vida. 1 Ed.2005. 674 pgs.

ILUSTRAÇÕES

AIELLO; Mauro Sergio. Recalcitrar contra os aguilhões. Disponível em: https://maiello.blogspot.com/2017/03/recalcitrar-contra-os-aguilhoes.html. Desde: 07/03/2017.

SAMPAIO; Moisés. SLIDESHARE. Reis e profetas – aula 1. Disponível em: https://pt.slideshare.net/prmoisessampaio/reis-e-profetas-aula-1. 60 Slides. Desde 12/07/2013.

WIKIPEDIA; A Enciclopédia Livre. Ficheiro:Yoke (PSF).png.  Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Yoke_(PSF).png.  

quarta-feira, 26 de agosto de 2020

QUEM É O ESPÍRITO SANTO?

Texto: Atos 5:3,4 ´´Então perguntou Pedro: "Ananias, como você permitiu que Satanás enchesse o seu coração, a ponto de você mentir ao Espírito Santo e guardar para si uma parte do dinheiro que recebeu pela propriedade? Ela não lhe pertencia? E, depois de vendida, o dinheiro não estava em seu poder? O que o levou a pensar em fazer tal coisa? Você não mentiu aos homens, mas sim a Deus´´

Verdade Prática: O Espírito Santo partilha da essência Divina, é Deus; e possui personalidade, é uma pessoa.

INTRODUÇÃO

Ananias vendeu uma propriedade e reteve parte do preço sob ciência de sua mulher, o restante depositado nos pés dos Apóstolos. No entanto, Pedro cheio do Espírito Santo, pergunta o que teria levado ele a mentir ao reter a parte e completa afirmando que Ananias não mentiu aos homens (aos apóstolos), mas ao Espírito Santo; a Deus em outras palavras. Nesta lição conheceremos o Espírito Santo nos âmbitos Divino e pessoal de Sua eterna existência.

I- A DIVINDADE DO ESPÍRITO SANTO

1. Prerrogativas divinas. O Espírito Santo partilha da mesma natureza e atributos de Deus, das quais se incluem o Pai e o Filho.

a. Onipresente (Jr 23:23,24; Sl 139:7-12). Bem como o Pai e o Filho, o Espírito Santo em Sua plenitude Divina está presente em todos os lugares. Isso não significa que Ele se revela todos eles, pois, Deus se revela somente aonde é convidado! (Sl 139:7; Ap 3:20-22).

b. Onisciente (Sl 139:2,7,8; At 5:3,4; 1Co 2:10,11). O Espírito Santo tem conhecimento pleno de tudo, todos os atos e pensamentos, Seu saber é perfeito e infinito sobre o passado, presente e futuro!

c. Onipotente (Lc 1:35; Jo 3:8; Rm 15:13,19). Igualmente com o Pai e com o Filho, Ele possui este mesmo atributo. Ser Onipotente implica em poder todas as coisas, ter poder para tudo, nada para Ele é difícil ou impossível! (Rm 15:19).

d.  Eterno (Gn 1:2; Sl 90:2; Hb 9:14 ). O Espírito Santo é eterno e estava presente no ato da criação antes da existência do homem, assim como o Pai e o Filho, Ele não teve princípio de dias e nem terá fim! (Sl 139:2).

2. Ele está associado ao Pai e ao Filho. A associação entre Pai, Filho e Espírito é unânime no plano da salvação, pois, possuem os mesmos atributos exclusivos e morais pertencentes somente a Divindade. Foi sob a revelação de tamanha união das três pessoas que Moisés usou o termo ´´Echad´´, indicando a união composta e associada entre elas. (Dt 6:4 / A Santíssima Trindade; pg.16).

3. A Equidade Trinitária. Com Cristo e com o Pai, o Espírito Santo é apresentado em igualdade com as Pessoas Divinas, pois, ambas as pessoas partilham dos mesmos Atributos (Complemente com a leitura do artigo: Conhecendo a Deus por seus Atributos). Confira nos textos a seguir:

a. Mt 28:19. Os cristãos devem ser batizados em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, isto é, de igual modo. Ele é citado da mesma forma que o Pai e o Filho nas Escrituras, um dos exemplos e prova desse fato é o decorrido texto, cujo termo grego ONOMA, um termo igualativo que atribui o mesmo peso e autoridade aos títulos referidos ´´onoma to patros, onoma to huyou, onoma to hagiou pneumatos´´ - ´´em nome do Pai, em nome do Filho, em nome do Espírito Santo´´.

b. 2Co 13:13,14. A bênção apostólica apresenta a igualdade e eficácia das pessoas Divinas, cada qual em Sua respectiva função no plano da salvação. Isso ainda pode ser visto em outras passagens bíblicas, como por exemplo 1Jo 5:7, Jd 20,21, etc.

II- A PERSONALIDADE DO ESPÍRITO SANTO

1. Conceito. Os que dizem que o Espírito Santo é apenas uma força e não uma pessoa (Heresias Seculares: Doutrina Unicista), deveriam se atentar aos atributos Exclusivos, Morais e Pessoais com que a Bíblia o apresenta. Ele é uma pessoa pelos atributos e ações que lhe correspondem. Não podemos ser enganados pelo fato dele não ter um corpo visível, pois, a personalidade não é determinada pela aparência física, mas pela totalidade psicológica de quem somos. Segundo o Dicionário de Psicologia, personalidade é: ´´A totalidade psicológica que caracteriza a pessoa em particular´´.

2. A Bíblia trata-o com pronomes pessoais. Apesar da palavra ´´espírito´´ no grego (pneuma), ser neutra, a Bíblia não utiliza pronomes neutros para referir-se ao Espírito Santo, mas pronomes pessoais masculinos (Jo 16:8, 13,14; 15:26; 16:7,8).

3. Seus nomes implicam em personalidade. Apesar de boa parte dos nomes conhecidos do Espírito Santo incluírem o primeiro vocábulo ´´Espírito´´, Ele é a personificação de alguns requerimentos essenciais para o crente. Mesmo não sendo revelado nas Escrituras com um corpo físico natural senão quando tomou a forma corpórea da pomba, Ele é como o ar, existe, sentimos, mas não o vemos. (Cl 1:15,19; 1Tm 1:17).

4. Possui traços de personalidade. A Bíblia apresenta o Espírito Santo com traços de personalidade, que só podem ser atribuídas a uma pessoa e que uma força impessoal não poderia ter, são elas:

a. Inteligência, sabedoria (1Co 2:9-11). Ele possui poder de conhecimento ou entendimento de tal maneira que Ele nos cerca e revela que Seu conhecimento é demasiadamente elevado para o atingirmos (Sl 139:5-10);

b. Vontade (At 13:2;16:6;20:28; 1Co 12:11). Sendo o próprio Deus, por Si próprio Ele exerce volição, ou seja, possui vontade própria e poder próprio de escolha

5. Sua obra exige, demonstra e requer personalidade. A obra de preparar a igreja requer que o ´´Outro Consolador´´ - grego ´´allos parakletos´´: outro (De mesma espécie, natureza) consolador; a saber, o Espírito Santo, se relacione de forma íntima e afetiva com as pessoas, o que é possível apenas entre pessoas. Confira algumas das descrições pessoais do Espírito Santo:

a. Fala: At 8:29: “Então, disse o Espírito a Filipe: Aproxima-te desse carro e acompanha-o”.

b. Ensina, lembra: Jo 14:26: “Mas o Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito”.

c. Sonda, perscruta: 1Co 2:10: “Mas Deus no-lo revelou pelo Espírito; porque o Espírito a todas as coisas perscruta, até mesmo as profundezas de Deus”.

d. Testemunha: Jo 15:26: “Quando, porém, vier o Consolador, que eu vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da verdade, que dele procede, esse dará testemunho de mim”.

e. Determina: 1Co 12:11: “Mas um só e o mesmo Espírito realiza todas estas coisas, distribuindo-as, como lhe apraz, a cada um, individualmente”.

f. Ajuda, intercede: Rm 8:26,27: “O Espírito ajuda as nossas fraquezas... o mesmo Espírito intercede com gemidos inexprimíveis...”

g. Tem afeto, sentimento: Ef 4:30: “E não entristeçais o Espírito de Deus, no qual fostes selados para o dia da redenção”.

h. Pode ser resistido: At 7:51: "Povo rebelde, obstinado de coração e de ouvidos! Vocês são iguais aos seus antepassados: sempre resistem ao Espírito Santo!" 

III- ALERTAS PARA COM O ESPÍRITO SANTO

 

1. Não entristeçais o Espírito Santo (Ef 4:30-32). O presente texto, bem como a Bíblia em outros textos de mesmo contexto, tais como At 9:31; Rm 15:30, 1Co 2:13, Gl 5:22,23, 1Ts 5:19, Hb 3:7,8, Jd 20, entre outros, revela que o Espírito Santo pode ser entristecido, o que não acontece com uma força impessoal ou motivadora. O Espírito Santo é Deus e tem traços de personalidade, pois, pode ser entristecido!


2. A Blasfêmia contra o Espírito Santo (Mt 12:31,32). O Senhor Jesus ainda nos alerta sobre o pecado imperdoável: A Blasfêmia contra o Espírito Santo. O pregador mundialmente conhecido Billy Graham declara em seu livro “O Espírito Santo“, nas páginas 134 e 135, o seguinte: “O pior pecado que um ser humano pode cometer contra o Espírito Santo é blasfemar contra Ele. A razão disto é clara: para este pecado não há perdão´´. Ao que Jesus nos alertou: “Portanto, eu vos digo: toda forma de pecado e blasfêmia se perdoará aos homens; mas a blasfêmia contra o Espírito não será perdoada aos homens. E, se qualquer disser alguma palavra contra o Filho do homem, ser-lhe-á perdoado; mas, se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem neste século nem no futuro.” Portanto, acredito que a chave está na afirmação do próprio Billy Graham: “o pecado imperdoável implica na rejeição total e irrevogável de Jesus Cristo (…)”.

IV- HERESIAS SECULARES

1. Doutrina Unicista. Esta doutrina implica na ideia herege de que o Espírito Santo é uma força ativa ou motivadora, impessoal ou uma espécie de energia cósmica. Isso é totalmente grave segundo a revelação das Escrituras, pois, o Espírito não somente tem caráter pessoal, mas também a essência divina. Tais ensinos tomam por base textos isolados, as manifestações e os símbolos para afirmar que os tais são prova de que Ele é uma força, não uma pessoa.

2. A Doutrina Macedônica. Ideias hereges sobre a Divindade do Espírito não são atuais. Macedônio, Bispo de Constantinopla de 341 à 360 d.C. já ensinava que o Espírito Santo era meramente ´´ministro e servo´´, tal como os anjos. Sua doutrina implicava na crença de que o Espírito era uma criatura subordinada ao Pai e ao Filho, um conservo. Isso era uma verdadeira negação da verdadeira divindade do Espírito Santo. Sua ideologia foi condenada em 381 d.C. pelo Concílio de Constantinopla.

3. Monarquismo: A divindade e pessoalidade do Espírito Santo foram negadas por Sabellius no terceiro século, que deu origem ao movimento chamado monarquismo. Sabellius sustentava que não existiam três pessoas na deidade, mas um só Deus numa única pessoa eterna que se manifestava em três “FORMAS” diferentes, inexistente em três pessoas eternas e divinas. Ideia mais conhecida como Modalismo/Sabelianismo.

4. Arianismo ou Triteísmo: O bispo Árius, da igreja de Alexandria, no terceiro século, sustentava que Cristo foi criado por Deus como um deus de menor poder, que por sua vez trouxe à existência o Espírito Santo. Assim existiam três deuses diferentes (triteísmo/ tríade), refazendo a ideia politeísta.

V- APLICAÇÕES FIGURADAS: O ESPÍRITO SANTO E O CRENTE

1- Como pode alguém ser batizado em uma pessoa? Isto acontece em sentido figurado: Significa ser totalmente envolvido ou revestido pelo Espírito Santo. As Escrituras nos revelam ainda sobre ser batizado em Cristo (Gl 3:27; Rm 6:3) e sobre ser batizado em Moisés (1Co 10:2), vale ressaltar que eles são pessoas assim como o Espírito Santo. Não obstante, a Bíblia ainda nos avisa da possibilidade do diabo possuir alguém, sendo ele também uma ´´pessoa´´ (Mt 16:23; Lc 22:3).

2- Como pode uma pessoa ser derramada? A Bíblia ressalta em diversos momentos a promessa do derramamento do Espírito Santo, cumprida após a ascensão de Cristo (Jl 2:28; At 2:17). A palavra vem do verbo derramar, e significa espalhar, fazer correr (líquido) para fora, verter ou ainda emitir em abundância. O termo é aplicado em sentido figurado para transmitir a ideia de ´´entrega de forma abundante´´, tal como Cristo, que mesmo sendo uma pessoa veio a ser a fonte de água viva, que veio para dar vida e vida com abundância, ou seja, ´´derramar´´. A Bíblia cita Paulo, outra pessoa, sendo derramado como Libação (Fp 2:7) em forma figurada, assim como o Messias (Sl 22:14).

NOTA: Libação (Fp 2:17; 2Tm 4:6). É o ato de derramar água, vinho, sangue ou outros líquidos com finalidade religiosa ou ritual, em honra a um deus ou divindade;

Aspersão (Hb 11:28; 12:24; 1Pe 1:2). É o ato de borrifar, respingar ou derramar líquidos.

CONCLUSÃO

Ainda que as heresias sobre a Terceira Pessoa da Divindade sejam ressuscitadas, por curiosidade especulativa ou ataque à a Igreja e suas doutrinas; O conselho dado por João no I século, continua válido para os nossos dias: ´´Amados, não deis crédito a qualquer espírito; antes, provai os espíritos se procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo fora´´ (1Jo 4:1). 

INDICAÇÕES: Conheça mais sobre o Espírito Santo através dos Seus símbolos.


REFERÊNCIAS

DA COSTA; Fellipe Matheus Dias. Discipulado para o Batismo. Ministério Povo Livre: Ribeirão Preto, 2019. 40 pgs.

DA COSTA; Fellipe Matheus Dias. Regra de fé: A Santíssima Trindade. Ministério Povo Livre: 2018, SP. 62 pgs.

terça-feira, 25 de agosto de 2020

QUEM FOI JESUS BARRABÁS?

Texto: Mateus 27: 16-18 ´´Naquela ocasião estava preso um homem muito conhecido, chamado Jesus Barrabás. Então, quando a multidão se reuniu, Pilatos perguntou: — Quem é que vocês querem que eu solte: Jesus Barrabás ou este Jesus, que é chamado de Messias? Pilatos sabia muito bem que os líderes judeus haviam entregado Jesus porque tinham inveja dele.´´

INTRODUÇÃO

Conforme relatado no evangelho de Mateus, Barrabás era um prisioneiro conhecido do povo, nas palavras de Paul Gardner, ele era um prisioneiro ´´notório´´. É perceptível que uma multidão foi rapidamente reunida pelos líderes religiosos a fim de exigir a sentença de Jesus Cristo. Todavia, Pilatos culpa alguma encontrou em Jesus e buscou justificativa do povo para conseguir soltá-lo, ao dar uma alternativa à multidão e frisar seu questionamento, acerca de qual culpa havia em Cristo para que lhe fosse delegado tamanho castigo.

O NOME BARRABÁS

O nome Barrabás vem do hebraico que significa ´´filho do pai´´ (BAR:filho; ABBAS:pai). Sua citação nos evangelhos (Mt 27:16-26; Mc 15:7-15; Lc 23:18-21; Jo 18:40) ocorre de forma breve, porém, intrigante. Nos escritos originais ele é chamado ´´Iesous Barrabas´´, que transliterado significa ´´Jesus Barrabás´´ - ´´Jesus filho do pai / filho de um pai ´´. Logo percebemos as semelhanças de Iesous Barrabas com Iesous Christ -´´Jesus Cristo´´; a quem o povo foi confrontado a escolher entre quem crucificaria e quem soltaria. 

                 

                                          Fonte: https://bibliaportugues.com/

Este acontecimento revelado pelos originais nos ensina que: Israel tinha dois ´´Cristos´´, mas qual deles era o verdadeiro? Qual dos ´´Iesous´´ era o verdadeiro e genuíno ´´Filho do Pai´´?

A REVELAÇÃO PROFÉTICA NA ESCOLHA DE BARRABÁS

Esse fato tem uma profunda profecia escatológica, onde nos dias do Anticristo, Israel irá aceita-lo como o Messias aguardado por um tempo, mas depois reconhecerá o verdadeiro Jesus Cristo. Depois disso, ocorrerá a guerra final do Armagedom, onde o Anticristo com seus exércitos tentará pelejar contra os judeus (Ap 16:13-16), porém, Cristo voltará com seus santos e anjos para defender Israel.

A VIDA E OCUPAÇÃO DE BARRABÁS

Ao que se supõe pelo breve relato nas Escrituras, Barrabás possivelmente foi um ´´zelote´´ e liderou uma rebelião. Embora não fique claro o objetivo dela, o levante talvez representava uma tentativa de se alcançar a liberdade do jugo do império romano, a saber, representado por Pilatos como Governador da Judéia (26/27 – 36 d.C.). Sendo assim, a possível revolta liderada por Barrabás seria sobretudo, de cunho civil e político, passiva de uma grande influência exercida por ele, considerando ser ele o líder desse movimento social. Se a prerrogativa for verdadeira, não seria conveniente ou mesmo provável que Pilatos escolhesse Barrabás para ser solto, ainda que fosse um mero gesto de boa vontade, afinal, liderar uma rebelião contra os romanos consiste o zelote em um inimigo significativo de César, do império romano e do próprio Pilatos, considerando o crime cometido por ele e a sua decorrente fama entre todos.

A SOLTURA DE BARRABÁS

Dois pontos precisam ser analisados para ser compreendido o motivo da escolha e eventual soltura de Jesus Barrabás.

Em primeiro lugar, os judeus bem como o próprio Iscariotes, aguardavam um Messias libertador, um guerreiro, reformador militar que viria para guerrear e oprimir os inimigos dos judeus – tal como Josué, Gideão ou Sansão, por exemplo. Eles aguardaram alguém que viria para trazer o reino de Deus com opressão ao império Romano, bem como a quebra do seu jugo aos judeus. Diante dessa expectativa e eventual frustração, que Jesus não era a ´´grande figura messiânica´´ que esperavam, ao passo que sua atitude de paz e sofrimento não era atrativo às multidões, optaram por crucifica-lo por não ser ele que aguardavam.

O segundo fator é a inveja dos sacerdotes e líderes religiosos, fato que o próprio Pilatos percebeu como causa de haverem entregando-o (Mc 15:10). Eles não apenas invejaram a Jesus, como se encarregaram de incitar a multidão no sentido que Pilatos soltasse a Barrabás. A união desses dois pontos culminou na atitude de Pilatos, que para agradar a multidão, soltou Barrabás e condenou o inocente à morte (Lc 23:20-25).

CONCLUSÃO

Cada um que aguarda a vinda do Messias possivelmente criou uma expectativa a respeito dele. Contudo, devemos aguardá-lo pelo que Ele foi, é e sempre será (Hb 13:8). Fujamos da armadilha das expectativas e creiamos no Messias que uma vez esteve entre nós – como Cordeiro de Deus e Servo sofredor; que enfim voltará como o Leão da Tribo de Judá e Rei da glória genuíno. Este é o dia e a hora de quem escolher: o Jesus dos homens – Barrabás ou o Jesus chamado Cristo – enviado de Deus.

GLOSSÁRIO

Fariseus. Partido religioso judaico, cujos membros se dedicavam ao estudo e observância da Lei mosaica e suas tradições, especialmente o sábado, a pureza ritual e os dízimos. Os precursores dos fariseus são os assideus do tempo dos Macabeus. Sob João Hircano I, começaram a fazer oposição à sua política filo-helenística e por ter usurpado o sumo sacerdócio. 

Os fariseus, embora defensores da teocracia, eram politicamente moderados frente ao domínio romano, se comparados à ferrenha oposição dos zelotes e ao apoio dado pelos saduceus. Comparados a estes últimos, os fariseus eram progressistas quanto às crenças religiosas: criam na existência dos anjos, na ressurreição e na imortalidade (Mt 22,23-33; At 23,6-10). Entre o povo gozavam de grande prestígio e liderança. Jesus condenava não a doutrina (Mt 23:3) mas a hipocrisia e soberba dos fariseus (Mt 23:13-36) que os levava a desprezar a massa "ignorante" (Lc 18:9-14).

Zelotes. No NT o termo zelote, indica um partido político, cujo apóstolo Simão era membro deste partido. No VT, o zelote era chamado de ´´cananeu´´, habitante de Canaã, terra prometida por Deus e conquistada pelos israelitas, situada entre o vale do rio Jordão e a costa do Mediterrâneo. 

É o sobrenome do apóstolo Simão (Lc 6,15). Era também o nome de um partido revolucionário e nacionalista, muito ativo entre o ano 6 e 70 d.C. Seus membros eram fanáticos opositores da dominação romana. Seu ideal era estabelecer uma teocracia, expulsando pela força os dominadores estrangeiros (At 5:37). O Sumo Sacerdote Ananias que mandou esbofetear Paulo frente ao tribunal (At 23:2-5), cujo Paulo profetizou sua morte violenta; foi assassinado em 66 d.C pelos zelotes.

REFERÊNCIAS

BÍBLIA PORTUGUÊS. Mateus 27: 16-18. Matthew 27 Interlinear Bible. Disponível em: https://bibliaportugues.com/interlinear/matthew/27.htm. Acessado em: 25/08/2020.

GARDNER; Paul. Quem é quem na Bíblia Sagrada. A história de todos os personagens da Bíblia. Tradução: Josué Ribeiro. São Paulo: Editora Vida. 1 Ed.2005. 674 pgs.