Amós (heb. ´´carga ou carregador´´) era
natural de Judá (reino do norte) e foi chamado por Deus para profetizar
principalmente contra Israel (reino do norte), especificamente no ponto de
´´culto alternativo´´ em Betel. Seu ministério foi nos dias de Uzias, rei
de Judá, e nos dias de Jeroboão II, filho de Joás, rei de Israel (Am 1:1). O
profeta contemporâneo a ele foi Jonas (primeira metade do reinado de Jeroboão),
também destinado à Israel. Em Judá nesse período não houve ministério profético
(vide o cronograma dos reis e profetas abaixo).
Fonte: https://pt.slideshare.net/
I- O PROFETA AMÓS
1- UM CULTIVADOR DE
SICÔMOROS (FIGOS SILVESTRES)
O profeta descreve a
si mesmo como ´´cultivador de sicômoros´´ (Am 7:14). O termo hebraico aqui para
a frase inteira é boles , que na base Septuaginta ou grego clássico,
provavelmente se refere a:
a. Cortar o fruto (Para
garantir boas frutas, o agricultor precisava fazer um corte na ponta de cada
figo);
b. Amassar o fruto
(Após garantir a qualidade dos figos, o agricultor precisava malhar os frutos
para que servissem de alimento em seus diversos preparos);
c. Torná-lo comestível (maduro;
apto para consumo; cp. 8:2 e Ez 7:2)
De qualquer forma,
Amós era especialista no cultivo de figos ou sicômoros, bem como um boiadeiro e
comerciante bem sucedido. A importância é que Deus chamou um homem ocupado e
próspero, que tinha motivos para rejeitar sua chamada devido as suas ocupações,
porém, Deus o separou de seu trabalho e interesses seculares para realizar uma
missão em Israel, o rebanho de ´´bois´´, errante e pecaminoso.
2- UM BOIEIRO (PASTOR
DE BOIS)
Ele estava entre os
pastores de Tecoa, uma pequena vila a 10 km do sul de Belém, possivelmente uma
região desértica (2Cr 20:20). Deus chamou Amós para lidar com um povo com
comportamento similar ao dos bois, onde os planos do Senhor revelados no
trabalho do profeta era: tratar Israel assim como um agricultor tratava dos
figos verdes, para amadurecerem e se tornarem aptos aos teus preceitos. Quanto
ao comportamento/tratamento dos bois:
a. Eram alinhados por uma canga (jugo, fardo), que
mantinha os bois alinhados e bem distribuídos para não se desviarem do caminho
ou colidir uns com os outros enquanto puxavam o arado;
fonte: pt.wikipedia.org/
NA PRÁTICA: O que nos mantém alinhados, unidos, caminhando firmemente e crendo nas promessas de Deus é o amor do Criador (Cl 3:14,15).
b. Eram confrontados com aguilhões; uma espécie de lança com cabo de madeira e lâmina de pedra; um instrumento longo com ponta aguda que ´´espetava´´ os bois quando desobedeciam ao pastor; ou ainda uma vara longa para o conduzir gado que tinha uma ponta de ferro bem aguçada, ou seja, termina com um bico fino. Não é nada legal para o gado ser espetado pelo aguilhão, mas é a maneira mais comum de conduzir um rebanho.
NA PRÁTICA: Deus usa o aguilhão da palavra da verdade com Seu povo, para que não se desvie ou saía de Sua cobertura (Hb 4:12).
NOTA: O apóstolo Paulo foi comparado a um ´´boi teimoso´´ ao perseguir a igreja de Cristo – antes da sua conversão; que ao encontrá-lo afirmou: ´´dura coisa te é recalcitrar contra os aguilhões´´ (At 9:5). Este era um provérbio muito conhecido na época e ´´recalcitrar´´ significava ´´confrontar; resistir´´. Após a sua conversão, ele mesmo citou esse provérbio conhecido refazendo as palavras de Jesus a ele ao escrever: “Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua vitória? Ora, o aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei. “ (1Co 15:55,56).
Seu ministério foi
breve e durou apenas alguns dias, devido a sua declaração de abertura, de
acordo com sua comissão veio nos dias do rei Uzias, de Judá (790-739 a.C), e do
rei Jeroboão, de Israel (793-753 a.C); especificamente ´´dois anos antes do
terremoto´´ (Am 1:1). Tal catástrofe foi tão trágica que foi lembrada pelo
profeta Zacarias cerca de 240 anos mais tarde (Zc 14:5), por volta de 760 a.C.
Portanto, em 762 a.C seria a data precisa do ministério de Amós contra os
santuários ilícitos de Jeroboão (Am 7:10-13).
NOTA: Quanto a história de Jeroboão I e sobre como fez pecar a Israel - 1 Reis 11:26-14:20.
II- JEROBOÃO FILHO DE JOÁS, REI DE ISRAEL
1. A
prosperidade de Jeroboão ao povo de Israel. Jeroboão II filho de Jeoás, foi
o quarto rei da dinastia de Jeú. Seu longo reinado em Israel (41 anos) recebeu
uma pequena atenção em 2Rs 14:23-29, porém, alvo de muitas profecias nos livros
de Amós e Oséias (profeta posterior a Amós sobre o reino do norte). Ele liderou
Israel em uma época de prosperidade sem precedentes. A Assíria enfraqueceu a
Síria, que não representava mais uma ameaça para a Israel- Síria que
anteriormente sitiou Judá e Jerusalém nos dias de Joás (835 a.C / 2Cr 24:23).
Com a Síria enfraquecida, Jeroboão II teve liberdade para executar uma
agressiva expansão do seu território. O profeta Jonas, contemporâneo a Amós,
predisse que Jeroboão II restauraria as fronteiras dos dias de Salomão, e
realmente ele alcançou este objetivo (2Rs 14:25). O Senhor usou-o para salvar Israel
de anos de dificuldades e problemas (2Rs 14:27).
2. A
ascensão da desigualdade social em Israel. A prosperidade do reino de
Jeroboão II, entretanto, levou a muitos males. Amós condenou a grande lacuna
que havia entre os ricos e pobres (Am 2:6,7), bem como a idolatria em Israel –
reino do norte, especialmente em Betel; denunciou rituais religiosos vazios (Am
5:21-24) e a falsa segurança – opulência (Am 6:1-14). Esses e outros pecados
levaram o profeta a predizer a queda de Israel (Am 6:8-14).
3. A
advertência divina: prosperidade pode ocasionar a corrupção. Jeroboão
II e seu povo recusaram-se dar ouvidos às palavras de Amós (Am 7:10-17) e em
722 a.C. Samaria caiu diante do exército assírio, o mesmo que enfraqueceu a
Síria possibilitando seu avanço territorial. O reinado de Jeroboão II é uma
advertência sobre quão facilmente a prosperidade pode levar à corrupção. Ainda
que o Senhor tenha abençoado seu povo de muitas formas, sua bênção tornou-se
ocasião para a desobediência e destruição decorrente dela.
4. Betel: O alvo das
profecias de Amós. O único local em suas mensagens é Betel (heb. casa de
Deus), um dos principais lugares de adoração estabelecido por Jeroboão I,
logo depois da divisão do reino em 931 a.C. (1Rs 12:29-33) – Vide o Suplemento
bíblico deste Blog: ´´Divisão de Israel e Instalação da
Idolatria´´. Esse ato ímpio de criar
locais ilegítimos para adoração, a fim de competir com o único autorizado pelo
Senhor (isto é, é Jerusalém, capital de Israel), resultou numa profecia de que
o altar de Betel seria finalmente destruído e seus sacerdotes, mortos (1Rs
13:1-3).
Isso aconteceu como
parte das reformas realizadas pelo rei Josias, 300 anos mais tarde (2Rs
23:15,16), e o próprio Amós ajudou a preparar o caminho para que o culto de
Betel fosse denunciado (Am 3:14; 5:5). Foi sua responsiva mensagem que eclodiu
sua expulsão de Betel, por Jeroboão II e seu sacerdote Amazias, sob acusações
caluniosas que o profeta visava apenas o ganho financeiro (Am 7:12). Devido à má
compreensão dos seus objetivos, Amós rebate que ´´não era profeta, nem filho
de profeta´´ (7:14), mas um homem trabalhador que Deus tinha chamado,
desfazendo qualquer conexão entre ele e os profetas cursados, preparados: os ´´filhos
dos profetas´´ (2Rs 2:3,5,7).
REFERÊNCIAS
GARDNER; Paul. Quem é quem na Bíblia Sagrada. A história de todos os personagens da Bíblia. Tradução: Josué Ribeiro. São Paulo: Editora Vida. 1 Ed.2005. 674 pgs.
ILUSTRAÇÕES
AIELLO; Mauro Sergio. Recalcitrar contra os aguilhões. Disponível em: https://maiello.blogspot.com/2017/03/recalcitrar-contra-os-aguilhoes.html. Desde: 07/03/2017.
SAMPAIO; Moisés. SLIDESHARE. Reis e profetas – aula 1. Disponível
em: https://pt.slideshare.net/prmoisessampaio/reis-e-profetas-aula-1.
60 Slides. Desde 12/07/2013.
WIKIPEDIA; A Enciclopédia Livre. Ficheiro:Yoke (PSF).png. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Yoke_(PSF).png.
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