TEXTO: Marcos 16:15
´´Vão pelo mundo todo e preguem o evangelho a todas as pessoas.´´
Verdade prática: Os ministros de Deus devem seguir a Bíblia, saber contextualizá-la e entender como aplicá-la em sua vida cotidiana.
INTRODUÇÃO. Uma vez resgatados por Cristo, os salvos são chamados para fora, ou seja, enviados como Suas testemunhas através do Espírito Santo, também chamado Espírito de Cristo (Rm 8:9; 1Pe 1:11), uma vez que foi testemunha ocular, guiou, capacitou e acompanhou todos os passos do Messias. Se você é um pregador(a), evangelista ou missionário(a) enviado por Deus como Sua testemunha, este artigo responderá com a experiência empírica do autor - também chamada Teologia Pessoal; algumas estratégias, formas e métodos importantes sobre como pregar.
I- COM DISCERNIMENTO
1. Identificando o ambiente, os ouvintes e cenários oportunos. Parece bobagem, mas é um fator crucial se definirá se o ministro será ouvido e se a mensagem emitida por ele terá resultados ou não. Na verdade este tópico primeiro não trata de estratégias escalafobéticas, mas de princípios básicos de homilética, oratória ou falar em público que deviam ser literalmente, um ´´senso comum´´ entre o povo de Deus.
Antes de pregar, conheça seu público alvo e o ambiente em que a mensagem será transmitida. É um culto de oração? Doutrina? Uma reunião de líderes? Uma cruzada evangelística? Um evangelismo pessoal? Público? Um seminário teológico? Uma EBD? Enfim, as ocasiões podem ser muitas, mas a preocupação deve ser a mesma: quem é o seu público alvo? em qual ambiente a mensagem será ministrada?
Grandes ministros da Bíblia conheciam esse conceito basilar. Por exemplo:
a. João Batista. Note em Mateus 3 em seu sermão público que, antes da chegada dos escribas e fariseus, João ministrava ao povo ´´arrependei-vos, porque é chegado a vós o reino dos céus´´ (vs.2) enquanto eles confessavam seus pecados e se batizavam, até que os fariseus e companhia chegaram e logo o sermão tomou o corpo ´´Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira futura?´´ (vs.7). Perceba o tato de Batista ao identificar os ouvintes e o ambiente. No mínimo dois. Primeiro, o povo, disposto a ouvir, se arrepender dos seus pecados e batizar. Segundo, legalistas doutores da lei indispostos a ouvir, se arrepender e batizar tendo por pretexto serem filhos de Abraão.
João nos ensina a mapear os dois ambientes mais comuns passivos de aplicação em nosso cotidiano. São eles:
i. Local público. O público alvo é o povo. Com algum ou nenhum conhecimento das Escrituras. É um ambiente de ´´menor eloquência´´, afinal, os ouvintes são simples. O ideal neste caso é fazer como Jesus com as parábolas, ou seja, utilizar ou criar uma linguagem simples, conhecida e entendida por todos.
ii. Templo. O público alvo é a igreja. Com algum ou maior conhecimento das Escrituras. É um ambiente que permite ´´maior eloquência´´ - tal como Apolo (At 18:24); afinal, os ouvintes já possuem alguma experiência nas Escrituras.
b. Paulo. O apóstolo dos gentios é um dos, senão o principal ícone da igreja contemporânea quando o assunto é evangelismo e missões, embora o próprio não se considerasse um ´´grande pregador´´ (2Co 11:6), ainda que segundo Pedro ele discorresse sobre assuntos ´´de difícil entendimento´´ (2Pe 3:16). Seu marco ao identificar os ouvintes, ambiente e cenários oportunos foi pregar aos atenienses no areópago, aos filósofos epicureus, estóicos e utilizar o altar grego em honra AO DEUS DESCONHECIDO (At 17:18,23).
II - COM ESCOPO TÉCNICO
1. Esboço. O esboço é uma boa ferramenta de apoio para elaboração ou exposição da mensagem em templos, escolas ou seminários. Consiste num rol de anotações organizadas do sermão onde são descritas as divisões do sermão e versículos chave. Ele é a coluna vertebral, a espinha dorsal, o esqueleto da mensagem. Os tipos variam de acordo com a necessidade de cada ministro, mas geralmente, é um apoio de memória dos tópicos da mensagem e textos a serem relacionados. O ideal é que cada pregador compreenda seu próprio processo de identificação, emissão e tenha uma identidade - crie seu próprio esboço conforme a necessidade. Outro fator que pode influenciar na formação do sermão e seu esboço é o tipo da mensagem - expositiva, textual, histórica, etc.
2. Ligação dos tópicos. É muito importante que o preletor saiba como conectar os tópicos principais da sua mensagem - o mais indicado são três, para não sobrecarregar o ouvinte no caso de mais ou ser insuficiente no caso de menos. É como viajar do ponto A até o ponto C e saber que entre eles deve ter um ponto B, que os interligue de forma que o ouvinte não se perca e desanime da mensagem por falha estrutural do pregador. Essa ligação dos tópicos deve ser feita crucialmente através dos subtópicos, que devem por via de regra, convergir ao próximo tópico principal. Para ilustrar, observe uma estrutura de sermão abaixo, geralmente utilizado pelo autor:
1. TEXTO
2. INTRODUÇÃO (EXPLICAÇÃO)
NOTA: DEVE DAR LUZ À MENSAGEM E CHAMAR A ATENÇÃO DO OUVINTE
3. DESENVOLVIMENTO / TÓPICOS (EXPLANAÇÃO)
NOTA:TRÊS SÃO O MÍNIMO IDEAL
I - TÓPICO
A. SUBTÓPICO
NOTA: NÃO É OBRIGATÓRIO, MAS UMA BOA FERRAMENTA PARA CONECTAR OS TÓPICOS DA MENSAGEM. POR VIA DE REGRA, O(S) SUBTÓPICO(S) DEVEM LIGAR OS TÓPICOS. O MINIMO IDEAL É DE UM SUBTÓPICO.
II - TÓPICO
A. SUBTÓPICO
III - TÓPICO
A. SUBTÓPICO
4. CONCLUSÃO (APLICAÇÃO)
NOTA: ALGUNS TIPOS INCLUEM A APLICAÇÃO SEPARADAMENTE COMO NÚMERO 5, CONTUDO, NADA IMPEDE QUE O PREGADOR O FAÇA TAMBÉM NA CONCLUSÃO.
3. Oratória e linguagem corporal. O pregador precisa ter uma noção básica de oratória e ter uma boa expressão corporal ao falar em público, ainda que não tenha um curso. Segundo o estudo de Mehrabian, as palavras que usamos têm peso de 7% na comunicação, o tom de voz (tom, velocidade, volume) tem 38% e a linguagem corporal (movimentos, gestos e expressões faciais) tem peso de 55%. Princípios básicos de retórica também podem ter algum proveito.
III- COM MÉTODO PESSOAL (MEU MÉTODO ABAIXO)
1. Explicar. O escopo é diferente do método. O primeiro é o conteúdo técnico e estético. O segundo é a identidade expositiva do pregador, assim como seu próprio esboço. O primeiro método pessoal e marcante do autor em suas mensagens é explicar - utilizado ao longo da mensagem, especialmente na introdução para cativar os ouvintes.
2. Explanar. É a segunda característica marcante no desenvolvimento do autor. Sucede a introdução / explicação, uma vez que é feita especialmente na introdução. Após introduzida / explicada, a mensagem deve ser desenvolvida / explanada durante os tópicos principais da mensagem observando-se a ligação entre eles.
3. Aplicar. A última e não menos importante característica do autor e é feita na conclusão - resume toda a mensagem, como diz Salomão em Ec 12:13: ´´de tudo o que se tem ouvido...´´. Enquanto conclui a mensagem, o pregador deve se preocupar em extrair a parte prática da mensagem sobre o que exatamente deve ser aplicado pelos ouvintes.
CONCLUSÃO. Como está escrito, aprouve a Deus salvar vidas pela loucura da pregação (1Co 1:21). Uma loucura ainda que não entendida, desprezada ou atacada por muitos, mas que observa princípios racionais e lógicos para um único propósito: salvar, formar e gerar almas. Sobretudo, o fim destas coisas é que estes conceitos ajudam, mas não substituem os requisitos espirituais do pregador como a oração, meditação na palavra, consagração e intimidade com Deus.
Leia mais sobre como pregar em nossa Apostila de Homilética - A Arte de pregar.
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