quarta-feira, 2 de setembro de 2020

OS FUNDAMENTOS DA FÉ

Texto: Deuteronômio 32:2

´´GOTEJE A MINHA DOUTRINA COMO CHUVA, DESTILE O MEU DITO COMO ORVALHO, COMO CHUVISCO SOBRE A ERVA E COMO GOTAS DE ÁGUA SOBRE A RELVA ´´ 

Verdade Prática

A fé é uma herança que nos é dada por Deus. Tudo o que é objeto de ensino e disciplina consiste em preservar esta herança, especialmente a doutrina com seus respectivos princípios.

INTRODUÇÃO

Os fundamentos são os elementos que compõe a doutrina pelo qual nossa fé está baseada. Como filhos de Deus, precisamos manter a herança que nos foi dada para que não nos seja roubada. No NT a doutrina cristã é chamada ´´caminho´´ (At 9:2,16,17; 19:23; 22:4; 24:14), pelo que o próprio Senhor Jesus se identificou com ela ao dizer: ´´Eu sou o caminho, a verdade e a vida, e ninguém vem ao Pai se não por mim´´ - João 14:6. O caminho indica a vida do homem, suas condutas e seus hábitos. Indica também a forma de Deus agir com o homem e as normas que Ele traçou para o homem seguir e respeitar. A doutrina de Deus tem o que chamamos de princípios, entre eles o de formação do cristão, de sacramento – ritos sagrados essenciais ou juramento, continuidade e princípios futuros. 

I- PRINCÍPIOS DE FORMAÇÃO CRISTÃ

1. A Santíssima Trindade. Crença em um só Deus manifesto em três pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo (Mt 28:19; 2Co 3:14; 1Pe 1:2). Cada um deles é plenamente divino, são Co eternos, possuem a mesma essência, consequentemente o mesmo poder e a mesma glória, no entanto, não são três deuses e sim apenas um Deus! 

2. A Palavra de Deus. Na inspiração plena da Bíblia Sagrada, única e infalível regra de fé para a vida e o caráter cristão (2Tm 3:14-17). Crer na sua autoridade e validade para ensinamento de quaisquer áreas e épocas que venha se expressar.

3. Jesus Cristo. Crença em Jesus Cristo como nosso único e suficiente Salvador, autor e consumador da nossa fé, Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, um com o Pai e Unigênito de Deus (Jo 3:16; Mt 29:18)

4. A ressurreição. Crença em seu nascimento virginal, em sua morte vicária e expiatória e principalmente em sua ressurreição corporal dentre os mortos e sua ascensão ao céu (Is 7:14; At 1:9; Rm 8:34).

II- PRINCÍPIOS DE SACRAMENTO

1. Batismo. Crença que o batismo é um sacramento – um rito sagrado; juramento, o primeiro, que significa ´´imersão nas águas´´, implica aceitação dos benefícios expiatórios de Jesus, para ser usado em confissão de pública, dEle como seu único Salvador. Imersão em uma só vez nas águas em nome do Deus Trino, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo como determinou o Senhor Jesus (Mt 28:19; Rm 6:1-6; Cl 2:12).

1.1. Novo nascimento e paternidade Divina. Crença na necessidade do homem em nascer de novo pela fé em Jesus Cristo, pelo poder atuante do Espírito Santo e da Palavra de Deus, para tornar o homem digno e totalmente restaurado para poder entrar no céu e estar para sempre com Deus (Jo 3:3-8; 2Co 5:17). Portanto, ao nascermos de novo passamos a ser filhos de Deus ao receber a Jesus Cristo (Jo 1:12).

2. A Ceia do Senhor. Crença na observância da Ceia do Senhor como segundo sacramento e ordenança do Senhor Jesus Cristo à igreja. Ceia composta pelo pão (símbolo do corpo) e do suco da uva (símbolo do sangue), constituindo a nova aliança que expressa a memória dos sofrimentos e da morte Cristo (1Co 11:26) e a profecia da sua segunda vinda. Todo crente deve participar da Ceia do Senhor até que Ele volte.

III- PRINCÍPIOS DE CONTINUIDADE

1. O Pecado.Crença na queda pecaminosa do homem, que foi separado, destituído, privado da glória de Deus; e que somente o arrependimento e a fé na obra expiatória de Cristo podem restaurar o homem a Deus (Rm 3:23; At 3:19).

2. O Perdão dos pecados. Crença no perdão dos pecados quando há reconhecimento do homem como filho de Deus através de Jesus Cristo, recebendo assim a salvação e justificação perante Deus, pela fé no sacrifício de Jesus em favor da humanidade (At 10:43; Rm 3:24-26; 10:4-13; Hb 7:25).

3. A Santificação. Crença na santificação como ato de Deus pelo qual os crentes são libertos do pecado, da depravação moral e levados a um estado de inteira devoção e separação a Deus. Santificação atuante na tricotômica natureza humana: em espírito, alma e corpo (1Ts 5:23).

4. O Batismo com o Espírito Santo. Uma promessa de Deus ao homem que nos é dado mediante a intercessão de Cristo, com a evidencia inicial de falar em outras línguas (At 1:5; 2:4; 10:44-46; 19:1-7), e na continuidade os dons espirituais distribuídos pelo Espírito Santo à igreja para sua edificação (1Co 12:1-12).

5. A Vinda de Cristo. Crença na segunda vinda pré-milenial de Cristo em duas fases distintas:

5.1. PRIMEIRA. Invisível ao mundo, Ele para arrebatar a Igreja fiel da terra antes da Grande Tribulação. 

5.2. SEGUNDA. Visível e corporal com a Igreja glorificada para reinar sobre o mundo durante mil anos (Zc 14:5; 1Co 15:51-54; 1Ts 4:16,17; Jd 14).

IV- PRINCÍPIOS FUTUROS

1. O Tribunal de Cristo. A Igreja arrebatada irá comparecer diante do Tribunal de Cristo para receber a recompensa dos seus feitos, seu galardão sobre ´´as obras realizadas na terra´´ pela causa de Cristo (2Co 5:10). 

2. A Vida eterna. Crença em uma vida de gozo e felicidade para os fiéis, na Igreja glorificada e na tristeza e tormento eterno para os que infelizmente não creram na obra de Deus através de Seu Filho Jesus Cristo (Mt 25:46; Mc 16:16; Ap 21:8).

CONCLUSÃO

Observar e aplicar os fundamentos de fé significa permanecer no ensinamento de Jesus. Sua doutrina é santa e o mandamento santo, justo e bom (Rm 7:12). Nisso se resume a guarda da palavra do Senhor pra não pecar contra ele, em que guardar seu ensinamento, pois, é a espinha dorsal do ministério de Jesus. Cristo fez muitos milagres, mas dedicou maior parte no ensino. Os fariseus quiseram matá-lo porque ensinava com autoridade. Ele deu sua vida pelo ensino. Por isso diz ´´vós estais limpos, pela palavra que já vos tenho falado´´ - Jo 15:3

REFERÊNCIAS

DA COSTA; Fellipe Matheus Dias. Discipulado para o Batismo. Ministério Povo Livre: Ribeirão Preto, 2019. 40 pgs.

quinta-feira, 27 de agosto de 2020

O PROFETA AMÓS E O CONTEXTO HISTÓRICO DE ISRAEL

Amós (heb. ´´carga ou carregador´´)  era natural de Judá (reino do norte) e foi chamado por Deus para profetizar principalmente contra Israel (reino do norte), especificamente no ponto de ´´culto alternativo´´ em Betel. Seu ministério  foi nos dias de Uzias, rei de Judá, e nos dias de Jeroboão II, filho de Joás, rei de Israel (Am 1:1). O profeta contemporâneo a ele foi Jonas (primeira metade do reinado de Jeroboão), também destinado à Israel. Em Judá nesse período não houve ministério profético (vide o cronograma dos reis e profetas abaixo)

                                Fonte: https://pt.slideshare.net/

I- O PROFETA AMÓS

1- UM CULTIVADOR DE SICÔMOROS (FIGOS SILVESTRES)

O profeta descreve a si mesmo como ´´cultivador de sicômoros´´ (Am 7:14). O termo hebraico aqui para a frase inteira é boles , que na base Septuaginta ou grego clássico, provavelmente se refere a:

a. Cortar o fruto (Para garantir boas frutas, o agricultor precisava fazer um corte na ponta de cada figo);

b. Amassar o fruto (Após garantir a qualidade dos figos, o agricultor precisava malhar os frutos para que servissem de alimento em seus diversos preparos);

c. Torná-lo comestível (maduro; apto para consumo; cp. 8:2 e Ez 7:2)

De qualquer forma, Amós era especialista no cultivo de figos ou sicômoros, bem como um boiadeiro e comerciante bem sucedido. A importância é que Deus chamou um homem ocupado e próspero, que tinha motivos para rejeitar sua chamada devido as suas ocupações, porém, Deus o separou de seu trabalho e interesses seculares para realizar uma missão em Israel, o rebanho de ´´bois´´, errante e pecaminoso.

2- UM BOIEIRO (PASTOR DE BOIS)

Ele estava entre os pastores de Tecoa, uma pequena vila a 10 km do sul de Belém, possivelmente uma região desértica (2Cr 20:20). Deus chamou Amós para lidar com um povo com comportamento similar ao dos bois, onde os planos do Senhor revelados no trabalho do profeta era: tratar Israel assim como um agricultor tratava dos figos verdes, para amadurecerem e se tornarem aptos aos teus preceitos. Quanto ao comportamento/tratamento dos bois:

a. Eram alinhados por uma canga (jugo, fardo), que mantinha os bois alinhados e bem distribuídos para não se desviarem do caminho ou colidir uns com os outros enquanto puxavam o arado;


    Ficheiro:Yoke (PSF).png – Wikipédia, a enciclopédia livre

                                       fonte: pt.wikipedia.org/ 


NA PRÁTICA: O que nos mantém alinhados, unidos, caminhando firmemente e crendo nas promessas de Deus é o amor do Criador (Cl 3:14,15).

 

b.  Eram confrontados com aguilhões; uma espécie de lança com cabo de madeira e lâmina de pedra; um instrumento longo com ponta aguda que ´´espetava´´ os bois quando desobedeciam ao pastor; ou ainda uma vara longa para o conduzir gado que tinha uma ponta de ferro bem aguçada, ou seja, termina com um bico fino. Não é nada legal para o gado ser espetado pelo aguilhão, mas é a maneira mais comum de conduzir um rebanho.       

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NA PRÁTICA: Deus usa o aguilhão da palavra da verdade com Seu povo, para que não se desvie ou saía de Sua cobertura (Hb 4:12).


NOTA: O apóstolo Paulo foi comparado a um ´´boi teimoso´´ ao perseguir a igreja de Cristo – antes da sua conversão; que ao encontrá-lo afirmou: ´´dura coisa te é recalcitrar contra os aguilhões´´ (At 9:5). Este era um provérbio muito conhecido na época e ´´recalcitrar´´ significava ´´confrontar; resistir´´. Após a sua conversão, ele mesmo citou esse provérbio conhecido refazendo as palavras de Jesus a ele ao escrever: “Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua vitória? Ora, o aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei. “ (1Co 15:55,56).

 

Seu ministério foi breve e durou apenas alguns dias, devido a sua declaração de abertura, de acordo com sua comissão veio nos dias do rei Uzias, de Judá (790-739 a.C), e do rei Jeroboão, de Israel (793-753 a.C); especificamente ´´dois anos antes do terremoto´´ (Am 1:1). Tal catástrofe foi tão trágica que foi lembrada pelo profeta Zacarias cerca de 240 anos mais tarde (Zc 14:5), por volta de 760 a.C. Portanto, em 762 a.C seria a data precisa do ministério de Amós contra os santuários ilícitos de Jeroboão (Am 7:10-13).

NOTA: Quanto a história de Jeroboão I e sobre como fez pecar a Israel  - 1 Reis 11:26-14:20. 

II- JEROBOÃO FILHO DE JOÁS, REI DE ISRAEL

1.   A prosperidade de Jeroboão ao povo de Israel. Jeroboão II filho de Jeoás, foi o quarto rei da dinastia de Jeú. Seu longo reinado em Israel (41 anos) recebeu uma pequena atenção em 2Rs 14:23-29, porém, alvo de muitas profecias nos livros de Amós e Oséias (profeta posterior a Amós sobre o reino do norte). Ele liderou Israel em uma época de prosperidade sem precedentes. A Assíria enfraqueceu a Síria, que não representava mais uma ameaça para a Israel- Síria que anteriormente sitiou Judá e Jerusalém nos dias de Joás (835 a.C / 2Cr 24:23). Com a Síria enfraquecida, Jeroboão II teve liberdade para executar uma agressiva expansão do seu território. O profeta Jonas, contemporâneo a Amós, predisse que Jeroboão II restauraria as fronteiras dos dias de Salomão, e realmente ele alcançou este objetivo (2Rs 14:25). O Senhor usou-o para salvar Israel de anos de dificuldades e problemas (2Rs 14:27).

2.   A ascensão da desigualdade social em Israel. A prosperidade do reino de Jeroboão II, entretanto, levou a muitos males. Amós condenou a grande lacuna que havia entre os ricos e pobres (Am 2:6,7), bem como a idolatria em Israel – reino do norte, especialmente em Betel; denunciou rituais religiosos vazios (Am 5:21-24) e a falsa segurança – opulência (Am 6:1-14). Esses e outros pecados levaram o profeta a predizer a queda de Israel (Am 6:8-14).

3. A advertência divina: prosperidade pode ocasionar a corrupção. Jeroboão II e seu povo recusaram-se dar ouvidos às palavras de Amós (Am 7:10-17) e em 722 a.C. Samaria caiu diante do exército assírio, o mesmo que enfraqueceu a Síria possibilitando seu avanço territorial. O reinado de Jeroboão II é uma advertência sobre quão facilmente a prosperidade pode levar à corrupção. Ainda que o Senhor tenha abençoado seu povo de muitas formas, sua bênção tornou-se ocasião para a desobediência e destruição decorrente dela.

4. Betel: O alvo das profecias de Amós. O único local em suas mensagens é Betel (heb. casa de Deus), um dos principais lugares de adoração estabelecido por Jeroboão I, logo depois da divisão do reino em 931 a.C. (1Rs 12:29-33) – Vide o Suplemento bíblico deste Blog: ´´Divisão de Israel e Instalação da Idolatria´´. Esse ato ímpio de criar locais ilegítimos para adoração, a fim de competir com o único autorizado pelo Senhor (isto é, é Jerusalém, capital de Israel), resultou numa profecia de que o altar de Betel seria finalmente destruído e seus sacerdotes, mortos (1Rs 13:1-3).

Isso aconteceu como parte das reformas realizadas pelo rei Josias, 300 anos mais tarde (2Rs 23:15,16), e o próprio Amós ajudou a preparar o caminho para que o culto de Betel fosse denunciado (Am 3:14; 5:5). Foi sua responsiva mensagem que eclodiu sua expulsão de Betel, por Jeroboão II e seu sacerdote Amazias, sob acusações caluniosas que o profeta visava apenas o ganho financeiro (Am 7:12). Devido à má compreensão dos seus objetivos, Amós rebate que ´´não era profeta, nem filho de profeta´´ (7:14), mas um homem trabalhador que Deus  tinha chamado, desfazendo qualquer conexão entre ele e os profetas cursados, preparados: os ´´filhos dos profetas´´ (2Rs 2:3,5,7). 

REFERÊNCIAS

GARDNER; Paul. Quem é quem na Bíblia Sagrada. A história de todos os personagens da Bíblia. Tradução: Josué Ribeiro. São Paulo: Editora Vida. 1 Ed.2005. 674 pgs.

ILUSTRAÇÕES

AIELLO; Mauro Sergio. Recalcitrar contra os aguilhões. Disponível em: https://maiello.blogspot.com/2017/03/recalcitrar-contra-os-aguilhoes.html. Desde: 07/03/2017.

SAMPAIO; Moisés. SLIDESHARE. Reis e profetas – aula 1. Disponível em: https://pt.slideshare.net/prmoisessampaio/reis-e-profetas-aula-1. 60 Slides. Desde 12/07/2013.

WIKIPEDIA; A Enciclopédia Livre. Ficheiro:Yoke (PSF).png.  Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Yoke_(PSF).png.  

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