Texto: 1Coríntios 12:4-7 ´´ORA,
HÁ DIVERSIDADE DE DONS, MAS O ESPÍRITO É O MESMO. E HÁ DIVERSIDADE DE MINISTÉRIOS, MAS
O SENHOR É O MESMO. E HÁ DIVERSIDADE DE OPERAÇÕES, MAS É O MESMO DEUS QUE
OPERA TUDO EM TODOS. MAS A
MANIFESTAÇÃO DO ESPÍRITO É DADA A CADA UM, PARA O QUE FOR ÚTIL.´´
Textos complementares: Rm 12:4-11; Ef 4:11-16
Verdade prática: Os dons do Espírito Santo são a
evidência daquele que já possui o fruto do Espírito Santo!
INTRODUÇÃO
Dom: Vem do hebraico nathan e significa ´´dar´´. Dom
é uma Dádiva; presente oferecido pelo Espírito Santo aos crentes para auxiliar
o corpo de Cristo para que cheguem à unidade da fé (Ef 4:12,13). Vem também do
grego charisma,
o que literalmente significa: “presente oferecido de boa
vontade”. O apóstolo Paulo chamou de charisma um
revestimento especial espiritual para a vida da comunidade e o serviço no reino
de Deus. Ele usa esse termo 16 vezes nas suas cartas. Acerca de
dons, Paulo utilizou três cartas para registrar a diversidade dos mesmos,
destacados nas epístolas de Romanos, Coríntios e Efésios.
I – DONS DE SERVIÇO (Rm 12:4-8). Seu objetivo é fazer a manutenção
comunal da igreja, bem como seu fortalecimento espiritual na união e com
Cristo, pois, ao falar ´´serviço´´, imagina-se que quem serve, presta serviço a
outrem (Fp 2:3,4). Os dos de serviço são:
1. Ministério diaconal (12:7). É o dom de servir,
cujo termo grego é didáskos ou didaskália, que dá origem a
palavra diáconos, ou seja, o ofício de diácono, pois, na raiz,
diácono traduzindo significa ´´aquele que serve´´´. Este ministério
foi inaugurado pelos apóstolos primeiramente, mediante a ministração da Ceia do
Senhor para que a liturgia não fosse interrompida, pois, não conseguiam
conduzir e servir a Ceia aos irmãos ao mesmo tempo. Contudo, em sua tradução
raiz, o dom de diaconato implica simplesmente em servir, prestar serviço a
outrem mediante uma necessidade espiritual.
2. Ensinar (12:8). É o dom de
esclarecer, iluminar, transmitir conhecimento de forma simples, prática e
acessível. A maior característica e recomendação quanto a ensinar é que haja
dedicação em aprender, examinar, desmistificar e finalmente compartilhar o
aprendizado, isto é, ensinar.
3. Exortar (12:8). É o dom de aconselhar
com amor de forma a provocar encorajamento no próximo. É o dom servir o próximo
incitando o ânimo e a coragem através do aconselhamento.
4. Repartir (12:8). É o dom de
distribuir, dividir com o próximo sem segundas intenções ou valor monetário,
pois, quem exerce esse dom entende que melhor coisa é dar do que receber (At
20:35). Ao que afirmou Jesus ´´De graça recebei, de graça dai´´ (Mt
10:8).
5. Presidir (12:8). É o dom de gerir,
administrar ou presidiar. A maior qualidade e recomendação para quem tem esse
dom é o cuidado, zelo com o que se está administrando, pois, somos mordomos de
Deus e sua obra foi confiada a nós, portanto, administremos com cuidado o que é
do Senhor.
6. Exercer misericórdia (12:8). É o maior dos dons de
serviço, pois, está ligado diretamente ao amor, por isso deve ser exercido com
alegria (1Co 13:3). Jesus em dois momentos se referiu a ela ao dizer ´´íde
e aprendei, que misericórdia quero, e não sacrifícios´´ (compare Os 6:6 com Mt
9:9-13) e nos dois casos os fariseus estavam presentes para tentarem
culpá-lo. Em um sentado com Seus discípulos na casa de um homem rico; em outro,
colhendo espigas para alimentar a si mesmo e aos discípulos. Jesus não estava
desprezando o sacrifício, mas preferia obediência de coração, compaixão com o
próximo e mudança de vida, a um simples ritualismo.
II- DONS ESPIRITUAIS (1Co 12:1-11). Os dons Espirituais
diferentes dos de Serviço, não se aplicam a requisitos técnicos, pois, sua
operação é exclusivamente influenciada pelo Espírito Santo. Acerca dos nove
dons listados em 1Coríntios 12, temos:
1. DONS DE REVELAÇÃO (1Co 12:8). Os dons de revelação divina são
indispensáveis à igreja da atualidade, pois vivemos em um tempo marcado pelo
engano.
a. Palavra da Sabedoria. Segundo o dicionário
eletrônico Houaiss sabedoria significa ´´discernimento inspirado nas
coisas sobrenaturais e humanas´´ e resume a capacidade divina
sobrenatural para tomada de decisão ou exortação sábia em momentos difíceis
tais como Jetro (Êx 18), Salomão (1Rs 3:16-28) e o próprio Cristo (Jo 8:1-11).
b. Palavra da Ciência. Não é a ciência dos
homens, baseada nas leis da física, elétrica, termodinâmica, etc. É o dom da
revelação e inspiração do Espírito para o ensino das verdades da palavra de
Deus, resultando na iluminação dos ouvintes pelo Espírito Santo. Sua utilidade
é preservar a vida da igreja, livrando-a do engano do inimigo, das doutrinas de
homens, dos fariseus e do diabo, pois, está pautada nas bases de Cristo.
c. Discernimento de Espíritos. O verbo discernir vem
do grego diakrisis e significa ´´distinguir´´ ou ´´julgar
através de´´ e denota descobrir, desmascarar ou desmistificar a
verdadeira fonte, motivos ou espírito atuante, se Deus, homem ou diabo. Por
isso os tais deve ser provados (1Jo 4:1).
2. DONS DE PODER (1Co 12:9,10). São dons de capacidades sobrenaturais,
concedidas pelo Espírito Santo fazendo o crente agir de forma extraordinária.
Os dons de poder são:
a. Dom da Fé (vs.9). Comumente conhecida como ´´fé sobrenatural´´, esta fé é diferente da que recebemos por ouvir a palavra de Deus ou aceitar a Cristo como Salvador. Também é diferente da fé natural. Este dom é a capacidade concedida pelo Espírito Santo ao crente para realizar coisas além da esfera natural. Conforme afirmou o Teólogo Stanley Horton ´´é uma fé milagrosa para uma situação ou oportunidade especial´´ (Êx 14:21,22). Para fazer distinção, podemos afirmar que existem também:
i. Fé
salvífica. Esta é a fé que opera para a salvação e que recebemos ao
aceitar a Cristo como Salvador. Esta fé atrai a graça de Deus sobre quem a
possui, e consequentemente a salvação (Ef 2:8). Ela é adquirida pelo ´´ouvir
a palavra de Deus´´ - Rm 10:17, e por isso a importância de haver quem
pregue o evangelho da paz (Rm 10:12-15). Esta fé deve ser
acompanhada por obras para ser reconhecida como tal (Tg 2:14-26), vale ressaltar
que isso não significa que somos salvos pelas obras, mas, que deve haver o
cumprimento da fé em Deus por Jesus Cristo seguida da realização das obras.
ii. Fé
natural ou comum. Todo ser humano tem este tipo de fé. Ela é a obra
prima do Criador que permite que o homem natural creia acertada ou erradamente
nas coisas espirituais e na existência de um ser espiritual e supremo (Rm
1:19,20). Na grande maioria das vezes depende
de evidências, tais como; planto arroz e colho arroz, planto feijão, colho
feijão... Assim, os efeitos da fé natural dependente de
evidência e de lógica, ou, seja, é ver para crer. É caracterizada pela
crença rotineira e comum de coisas do dia-a-dia, como por exemplo, sair de casa e ter fé que vai voltar, fé
que vai se dar bem em algum negócio, no amor, etc. Até a fé na existência de
Deus é uma fé natural ou ainda a fé do ateu na não existência de Deus é um tipo
de fé natural. Enfim, toda humanidade tem este tipo de fé, desde o religioso ao
incrédulo.
b. Dom da Cura (vs.9). É um recurso
sobrenatural para atuar na cura de qualquer tipo de enfermidade. Deus no AT se
manifestou a Israel como ´´Jeová Rafá´´ - o Senhor que Sara (Êx 15:26) e
a concessão desses dons à igreja se deve a necessidade de anunciar o evangelho
como uma mensagem poderosa que ultrapassa as fronteiras das moléstias ou até
mesmo da morte.
c. Dom da Operação de Maravilhas
(vs.10). Este dom consiste na realização de coisas extraordinárias além do poder
humano, pois, altera a ordem natural das coisas consideradas impossíveis tais
como: ressurreição dos mortos (Lc 7:11-17 o filha da viúva / Mc 5:21-43 a filha
de Jairo / Jo 11:1-45 Lázaro), interferência na natureza e leis da física (Mt
8:23-27; 14:22-33), nos astros celestes (Js 10:12-14; Is 38:8), etc.
3. DONS DE EXPRESSÃO OU ELOCUÇÃO (1Co 12:10). São dons acompanhados
de ações ou efeitos de expressar, enunciar o pensamento por palavras, cujos
propósitos são: edificar, exortar e consolar a igreja de Cristo (1Co 14:3). Os
dons operados pela oratória segundo a concessão do Espírito Santo são:
a. Dom de Profecia. São mensagens
espontâneas inspiradas pelo Espírito na língua conhecida do orador e do
ouvinte, objetivando edificar, exortar ou consolar o destinatário por ordem
direta de Deus (Is 8:20). Paulo nos exortou a buscar esse dom (1Co 14:1),
recomendando seu uso com ordem (1Co 14:40). Precisamos inclusive provar as
profecias dirigidas a nós quanto ao conteúdo e sua origem para ciência da
fonte, objetivo ou espírito atuante (1Co 14:29).
b. Variedade de Línguas. É chamada
teologicamente de Glossolalia, que é o ato ou efeito de falar noutras línguas. Segundo
o Teólogo Thomas Hoover, o dom da variedade de línguas ´´é
a habilidade de falar uma língua mesmo não a entendendo, para fins de louvor,
oração ou transmissão de uma mensagem´´ direta e íntima a Deus. É
uma expressão falada e sobrenatural de uma língua nunca estudada pelo
remetente; uma linguagem enunciada pelo poder do Espírito, não compreendida por
quem fala e nem pelos ouvintes a menos que o Espírito dê a interpretação. Por
isso, a variedade de línguas diferente da profecia, não edifica ou exorta a
igreja, mas quem as fala, porquanto quem pelo Espírito o faz está edificando
sua própria vida espiritual (1Co 14:4). Assim, a medida que o crente fala
noutras línguas o Espírito Santo toca e renova-o diretamente (1Co 14:2).
c. Interpretação de Línguas. Segundo Thomas
Hoover, é a ´´habilidade de interpretar no próprio vernáculo,
aquilo que foi anunciado em línguas´´. A interpretação é tão
formidável quanto a língua falada. Assim, alguém que fala em línguas deve
procurar decifrá-la e compreender sua pronúncia com a ajuda do Espírito Santo.
Quem recebe a interpretação, não foca nas palavras ditas, mas recebe-a do
Espírito Santo, que é o Autor e único detentor da interpretação.
III- DONS MINISTERIAIS (Ef 4:11-16). Os dons Ministeriais
ou também chamados de dons de Liderança descritos pelo Apóstolo Paulo na carta
aos Efésios são:
a. Apóstolos. No grego a palavra “Apostellein“,
ou seja, “Apóstolo“, significa “aquele que é enviado“,
“mensageiro” ou “embaixador“. Ele é
aquele que representa a quem o enviou. Neste caso, o grupo de testemunhas das
obras de Cristo eram os doze primeiros, escolhidos por Jesus para pregar seu
evangelho. Depois também os posteriores como Paulo, Matias, Marcos, Barnabé,
Lucas, Estevão, Silas, Timóteo e Apolo.
b. Profetas. Do hebraico nabí e do grego “prophetes“,
significa “aquele que expõe“, “fala sobre certo assunto“,
que vem de Deus. O profeta era uma pessoa que estava no conselho do
Senhor, que ouvia a Sua palavra e que como resultado, falava o que vinha da
boca do Senhor e o fazia com verdade (Jr 1:9). Deve-se observar que o termo não
se refere obrigatoriamente a previsões ou premonições futuras.
c. Evangelistas.
Do grego “Euaggélion“,
são aqueles que proclamam as boas novas. Obedecendo a ordem de Jesus Cristo, o
evangelista anuncia a palavra de Deus ao mundo apresentando o único caminho
para a salvação eterna. Esse termo aparece apenas 3 vezes no
Novo Testamento (Ef. 4:11; At. 21:8 e 2Tm 4:5). Refere-se ao dom da pregação e
de fazer o evangelho especialmente claro aos descrentes ou do testemunho
pessoal eficiente.
d. Pastores. Podemos
dizer que pela tradição linguística do povo
hebreu que o pastor é “aquele que vê”. Ele
enxerga além do que suas ovelhas enxergam e por isso, as conduz, protege e as
alimenta, é aquele que ajuda espiritualmente e encoraja o povo de Deus a
descobrir e exercer seus dons. Sua figura deve ter como modelo o próprio
Cristo, intitulado biblicamente como ´´Bom Pastor´´ - Jo 10:11-15.
e. Mestres. Do hebraico “Rabôni ou Rabbi“,
significa “professor de grande saber“, “perito ou
versado” em qualquer ciência ou arte. O dom de mestre vai além de
´´manejar bem a palavra da verdade´´ - 2Tm 2:15 , pois, este é um requisito
essencial a qualquer obreiro que deseja se apresentar a Deus aprovado
independendo seu dom ou função ministerial. Na igreja, possui o dom do ensino
de Romanos 12:7 - ´´Se é ministério, seja em ministrar; se é ensinar, haja
dedicação ao ensino. ´´. Vale ressaltar, nem todo mestre é um pastor e nem
todo pastor é um mestre. O mestre é identificado geralmente pelo dom em ensinar
um seminário, instituto bíblico, classe de escola bíblica, estudo nos lares,
grupos familiares.
CONCLUSÃO
É essencial ter a consciência da importância dos dons espirituais, o que
são, de onde vêm e para que servem. Eles são uma porção que Deus nos dá quando
guardamos o fruto do Espírito, uma porção que vem do próprio Senhor para que
sejam usados a serviço do Seu reino neste mundo. Eles não são muletas
espirituais, medalhas, títulos ou carimbo de supercrente. São manifestações do
Espírito operando em nós, são diferentes expressões do amor em consequência
natural, lógica e espontânea do Seu fruto.
REFERÊNCIAS
RACIOCINIO CRISTÃO. Os Dons Ministeriais – Apóstolos, Profetas, Evangelistas, Pastores e Mestres. Disponível em: https://www.raciociniocristao.com.br/2014/05/dons-ministeriais/. Desde 23/05/2014. Acessado em: 18/08/2020.
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